Indústria do Amanhã - Agosto
- Gabriela Duarte
- 5 de ago.
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Agosto de 2025 - Por Gabriela Duarte
Misturando tecnologia e ancestralidade resolvemos pautar, no mês da visibilidade dos povos indígenas, o protagonismo de pessoas originárias que unem saberes tradicionais e soluções.
[reflexões industriais]
Trajetórias reais e históricas
Neste mês da visibilidade dos povos indígenas, destacamos histórias que revelam como a inovação tecnológica pode nascer das raízes mais profundas. A partir de ferramentas digitais, dados e saberes tradicionais, indígenas de diferentes etnias vêm desenvolvendo soluções que não apenas preservam suas culturas, mas também apontam caminhos futuros para toda a sociedade. São trajetórias que mostram como tecnologia e ancestralidade não apenas convivem, mas se fortalecem mutuamente.
2012 – Cacique Almir Suruí estabelece parceria com o Google para mapear a reserva Suruí no Google Earth, fortalecendo o monitoramento do território contra invasões ilegais. Porém, é ameaçado de morte enquanto defende seu território. Para o líder indígena Almir Suruí, tecnologia é oportunidade para o futuro de seu povo.

2021 – Txai Suruí (filha do cacique Almir suruí) se destaca na COP26, usando redes sociais e tecnologia para reforçar a defesa da Amazônia
2021 - Nesse mesmo ano, Suellen Tobler, indígena e desenvolvedora de sistemas, lança o "Nheengatu App" para preservar a língua nheengatu. Provando que tecnologia e ancestralidade podem andar lado a lado.
2023–2024 – Multiplicam-se mulheres como Mayara Pankararu e Juliana Yawalapiti nas áreas de dados e apps de educação bilíngue — e coletivos como a Rede de Saberes Indígenas em Tecnologia ganham força (veja Bloco 3).
Protagonismo feminino indígena
Vozes que traduzem ancestralidade em tecnologia
Txai Suruí (a mesma citada no comecinho desse texto), jovem advogada e ativista do povo Paiter-Suruí, é conhecida por sua forte atuação na proteção da Amazônia. Utilizando drones e redes digitais para monitorar a floresta, ela defende o uso de tecnologias aliadas aos saberes indígenas. Em suas palavras: “É mais tecnológico proteger o rio do que criar uma máquina para limpar depois. Isso é tecnologia ancestral” (ANAI, Um Só Planeta, Giz Brasil).

Já Shirley Djukurnã Krenak, do povo Krenak de Minas Gerais, fundou um instituto voltado para projetos socioambientais e culturais e tem forte atuação em programas de agroecologia e direitos humanos, sendo reconhecida por sua liderança e contribuição à causa indígena. “Desde os 13 anos... respondo ao chamado da Mãe Terra para ser representante dos direitos indígenas e, acima de tudo, lutar pela preservação do ambiente e da espiritualidade ancestral.” Afirma.
A tecnologia que nasce da terra
A tecnologia sem escuta é imposição. A tecnologia ancestral nos mostra que proteger vale mais do que remediar.
Quando se observa mais de perto o que está sendo feito por essas lideranças indígenas, especialmente por mulheres, fica claro que há muito o que aprender. Inovação, aqui, não é só ferramenta: é cuidado, visão de longo prazo e respeito à terra. Ao reconhecer esses movimentos, talvez a gente comece a enxergar o futuro com outros olhos e outras raízes.
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